terça-feira, 12 de julho de 2011

Quando cheguei da escola, uma carta encontrava-se em cima da minha cama, peguei-a e abria-a. Não sabia de quem era, pois a curiosidade era tão grande que nem reparei quem seria o remetente. Desdobrei a pequena folha que lá se encontrava e reparei de imediato na caligrafia, era a caligrafia de Bill. Uma caligrafia jamais inesquecível, que só me trazia à memória, as tantas vezes que nas aulas de Alemão este escrevia no meu caderno um simples e amável “Amo-te”. Peguei na folha e suavemente senti o cheiro de Bill, o cheiro mais doce e memorável que alguma vez poderia sentir. A mágoa e a saudade percorreram de imediato o meu corpo, com toda a brusquidão amachuquei a folha e pu-la no baldo do lixo.

As memórias tomaram conta de mim, todos os momentos passados junto ao rapaz que até à data havia sido o mais importante da minha vida, o que alguma vez teve a capacidade de fazer de mim Mulher, o que alguma vez eu pude dizer um Amo-te e ser correspondida, o que me fez a pessoa mais feliz deste mundo, simplesmente o rapaz que partiu o meu coração em mil pedaços e nem teve a dignidade de tentar apanha-los e reconstrui-lo. Assim que as memórias dominaram os meus pensamentos, lágrimas percorreram a minha face sem meio de pararem. Afogada naquele mar de tristezas, deitei-me na minha cama de barriga para baixo e chorei amargamente. Enquanto soluçava e me recordava do meu passado feliz, vivia aquele presente solitário e injusto e interrogava-me o Porquê?
Ouço as molas da porta do meu quarto rincharem, enquanto o meu irmão mais velho, Georg a abria. Apressei-me a sentar-me na cama, de modo a que este não reparasse nos meus olhos vermelhos, limpei as lágrimas e fiquei de costas virada para a porta.

- Anda jantar, Abbie! – Disse Georg, enquanto se agarrava à porta, à espera que eu respondesse. O silêncio prevaleceu. E da cozinha ouviu-se a minha mãe gritar “Venham jantarrr !”

- Não tenho fome. – Proferi, num tom de tristeza.

- O que se passa Abbie? QUANDO É QUE CRESCES E DEIXAS DE SER UMA PITINHA MIMADA? QUANDO É QUE VÊS QUE O MUNDO NÃO GIRA À TUA VOLTA! O BILL NÃO TE MERECE TUDO BEM, MAS PÁR…! – Georg gritou para que toda a casa ouvisse. Eu e o meu irmão não vivíamos um sem o outro, mas estávamos constantemente a discutir e acho que neste caso, apesar da sua arrogância, ele tinha razão.

- CHEGA GEORG! – gritei ainda mais alto, sem deixar que ele acabasse o seu discurso inútil. – Sei que tens razão, mas aprende a falar, aprende a ser mais delicado, sempre que precisaste de mim eu estive lá, e agora que eu preciso de ti, dizes-me isto? SAI DAQUI!- exigi empurrando-lhe para fora do meu quarto e trancando a porta.

- Como quiseres! – disse Georg, descendo as escadas.

Estava farta… Nada me corria bem e ninguém percebia a minha situação. Bill desapareceu, o meu irmão não me apoiava, as minhas amigas só pensavam em discotecas e rapazes, a minha mãe só se importava com o seu emprego e o meu pai nunca o vi na vida, nem sequer por fotografias. Naquele momento, o que precisava era de um abraço, um abraço único, o abraço de Bill. Limpei as lágrimas e aproximei-me do baldo do lixo, cheio de papeis amachucados e rasgados. Procurei a carta e desdobrei-a, ainda se percebia na perfeição o que lá estava escrito, suspirei e o meu coração disparou. Hesitei, levando o pedaço de papel junto ao peito e fechando os olhos, como se Bill estivesse ali. Sem mais demoras, li-a. E na carta estava escrito:
Abbie, sei que vais achar um absurdo depois do que fiz mandar-te esta carta. Também sei que nada irá mudar o que pensas a meu respeito, sim porque sei que neste momento estás a odiar-me e a achar-me a pessoa mais hipócrita deste mundo. Para já não te posso dizer o porque da minha partida repentina, mas acredita que foi por NÓS, acredita que eu o fiz com o único objectivo de te proteger a ti e ao nosso amor. Sim porque sei que no meio de tanto ódio ainda resta, aquilo a que se pode chamar amor.
AMO-TE imenso Abbie, preciso de ti. Perdoa-me.

Bill Kaulitz.


A carta era pequena, mas tinha lá escrito tudo o que eu necessitava de ouvir naquele momento, apesar de ter ficado bastante a toa com a parte do “foi por Nós”. Senti uma dor no peito, como se me estivessem a fazer mais um golpe no coração, as lágrimas caíram imensamente e o sofrimento agravou.

- Porque me fizeste isto Bill? Porquê? – Perguntei a mim mesma, enquanto levava as mãos aos olhos para limpar as lágrimas.

Senti o meu telemóvel vibrar e tirei-o do bolso, era um número privado, optei por não atender, pois apesar de não saber quem era ainda por mais não queria falar com ninguém naquele momento. Cansada apaguei as luzes do meu quarto, liguei o meu Ipod e pus os phones nos ouvidos, deitando-me na minha cama. Apenas 15 minutos haviam passado e novamente o meu telemóvel voltou a vibrar, mais uma vez um número privado, hesitei, mas atendi.

- Estou ?! – disse num tom de dúvida.
Do outro lado ninguém respondia, apenas escutava uma respiração muito forte, como se fosse a respiração de alguém desesperado.

- Estou? Quem fala? – voltei a perguntar.
Ninguém respondia, mil coisas me passaram pela cabeça, mas não estava com disposição para brincadeiras, então desliguei o telemóvel e voltei a deitar-me.

[ aqui está o 1ºcapitulo, da be or not be, peço desculpa pela demora, enjoy xxxxx ]

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